Na perspectiva de rever a história das ações afirmativas para a pós-graduação construída em uma década a partir do Programa Bolsa e do Programa Equidade, foi realizado pela Fundação Carlos Chagas, em 21 de agosto de 2015 o Seminário “Caminhos trilhados e novos desafios para o acesso de negros e indígenas na pós-graduação”. Um dos seus objetivos foi o de abrir um novo diálogo com a sociedade brasileira, em especial com as Universidades que oferecem cursos de pós-graduação de excelência, sobre a importância de se considerar em seus processos seletivos a diversidade etnicorracial, entre outras clivagens e/ou marcadores sociais. Para tanto, foram convidados especialistas de todo país envolvidos com o tema das ações afirmativas.

O resultado que apresentamos na forma desta coletânea tem por base as reflexões críticas sobre as experiências de ações afirmativas na pós-graduação, desde suas origens no Brasil, os impactos positivos, irrefutáveis, com base em qualquer critério de análise e os desafios futuros no diálogo com um sistema que se acostumou e conformou-se a ver o espaço da pós-graduação como sendo de e para as elites econômicas e sociais.

As políticas de ação afirmativa para acesso ao ensino superior brasileiro completam 15 anos e, apesar de presentes em vários programas de pós-graduação desenvolvidos em diferentes iniciativas, visando a equidade na representação de negros e ou indígenas nesse espaço mais elevado de escolarização, ainda provocam inúmeros debates e questionamentos no meio acadêmico e fora dele. Registrar experiências exitosas que, desde 2011, se desenvolveram em universidades brasileiras é essencial para qualificar esse debate. Esta coletânea, ao relatar as iniciativas de cursos de formação pré-acadêmica que auxiliaram negros e/ou indígenas no ingresso em programas de pós-graduação, apresenta também as dificuldades, as boas práticas e os desafios que devem ser enfrentados para que se consolide uma mudança no perfil racial e étnico da população acadêmica e científica brasileira. Que a leitura inspire novas iniciativas e contribua na discussão qualificada dos desafios para a construção de uma educação pública e de qualidade para todos.

As políticas de ação afirmativa — presentes nos cursos de graduação há mais de 15 anos — têm adentrado os espaços da pós-graduação a partir de propostas e experiências de mudanças nos processos seletivos de ingresso em programas de pós-graduação em diversas universidades brasileiras. O livro reúne a reflexão de especialistas sobre essas mudanças e seus desafios ainda a serem enfrentados para que o espaço de construção das ciências e tecnologias de ponta sejam democraticamente ocupados pela diversidade étnica cultural que caracteriza a sociedade brasileira. Os autores desejam que a leitura auxilie nas reflexões sobre a temática, na manutenção das conquistas já obtidas e no longo caminho ainda a ser construído para a consolidação de uma sociedade justa na distribuição e na produção de seus saberes em todos os espaços sociais, incluindo a pós-graduação.